Hoje estava passando de ônibus por uma rua que me fez ter várias lembranças de um passado. Pode ser um passado que eu não tenha vivido e que talvez sim, pode ser um passado remoto ou recente.
O importante foi que através das janelas sujas do ônibus eu vi duas meninas, ainda na sua inocência de meninas. Comendo salgadinhos e bebendo refrigerante como em um comercial, pareciam tão bonitas!
Essa cena tão simples em um cotidiano tão simples não me era estranha, eu já havia visto antes. Não só visto. Tantas vezes que hoje eu só consegui era lembrar de duas meninas.
As duas meninas que conheci há algum tempo, poderiam ser muito semelhantes às meninas que vi hoje, mas nunca iguais. Uma menina nunca é igual a outra, a alma é diferente.
A adolescência para uns é um período despercebido, mas para aquelas duas meninas que conheci em algum momento a adolescência foi uma transição nada simples.
A inconstância estava sempre presente.
A calçada também.
Os salgadinhos, o refrigerante, os amigos.
O calor, o frio, a chuva e o sol tudo passava mas a calçada estava lá.
Na minha cabeça sempre, duas meninas e uma calçada, as vezes uma terceira aparece.
Uma música tema dessa cena. A terceira sempre a pentelha, a irritante.
As duas meninas sempre fortes. Inabaláveis em sua fraqueza, tão sensíveis em sua fortaleza.
Complexas em sua simplicidade.
Ah se essas duas meninas soubessem o que lhes aguarda a vida! Se elas soubessem não chorariam tanto? Duvido, as lágrimas cairiam de felicidade. Se soubessem se importariam menos? Muito mais.
Ah se essas duas meninas sentadas na calçada olhassem com mais calma já teriam visto seu futuro, não com tanta precisão, mas em sua essência.
Dedicado à Camila Schuck, minha companheira de calçada.
(Escrevi ouvindo Ainda Lembro da Marisa Monte)
FUI.